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O Enfermeiro da morte - Edson Izidoro Guimarães

| sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
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 De 10 de janeiro ao dia 4 de maio, a Unidade de Pacientes Traumáticos (UPT) do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, na Zona Norte do Rio de Janeiro, viveu uma rotina macabra: nos dias de plantão do auxiliar de enfermagem Edson Isidoro Guimarães, de 42 anos.Responsável direto pela morte de pelo menos cinco pessoas. Estima-se que o número verdadeiro de suas vítimas, porém, seja superior a 100, o que o transformaria em um dos maiores assassinos em série do Brasil e do mundo.




Métodos

 O mais comum era injetar na veia do paciente 10 mililitros de cloreto de potássio. Segundo o secretário Ronaldo Gazolla, o produto é muito usado em hospitais para hidratar doentes. Se ministrado corretamente, não causa mal algum. "Mas, injetado diretamente na veia e nessa quantidade, é letal", explicou o médico-monstro. O segundo método era mais simples: desligar os aparelhos de respiração artificial. Sem oxigênio, o paciente morria rapidamente, Isidoro religava a máquina e só então chamava o médico de plantão.


Por que...

A motivação do auxiliar de enfermagem ia muito além da comiseração: ele recebia de R$ 800 a R$ 1 mil "por serviço". O "serviço" era apenas informar aos agentes funerários de plantão no Salgado Filho a ocorrência da morte para que eles abordassem a família. "Essa é a tabela para pessoas que chegam em estado grave vítimas de acidentes de trânsito. As mortes comuns, eles só pagam de R$ 80 a R$ 100", esclareceu o assassino confesso, que citou o nome de duas funerárias - Novo Rio e Novo Mundo, na periferia da cidade. Um dos proprietários da Novo Rio, Manoel de Souza, nega qualquer ligação com o enfermeiro. "Em 15 anos só enterramos dez pessoas que morreram no Hospital Salgado Filho", diz Souza. "Esse sujeito está louco."



Números

De janeiro até o dia 4 de maio, 225 mortes foram registradas na UPT do Salgado Filho. Delas, segundo as contas da Secretaria Municipal de Saúde, 131 ocorreram nos plantões de Isidoro. A polícia trabalha com o número de 153 mortes porque há outras consideradas suspeitas na unidade. Em janeiro, morreram na UPT 32 pacientes, 18 nos plantões de Isidoro. Em abril, das 62 mortes registradas na UPT, 34 caíram nos plantões do auxiliar de enfermagem. Outro exemplo claro surgiu em maio. Nos três primeiros dias do mês, nenhuma morte ocorreu na UPT. O detalhe: Isidoro estava de folga. No dia 4, quando ele voltou ao plantão, morreram cinco. Foi a gota d'água para a denúncia da Secretaria Municipal de Saúde.

Para prender Isidoro, a polícia infiltrou detetives como pacientes no hospital. Uma faxineira contou a um deles que vira o auxiliar de enfermagem dar uma injeção em um paciente que pouco depois viria a falecer. Com a prisão, a polícia encerrou o ciclo de plantões da morte no hospital do Méier. 



Prisão e Condenação
Edson Izidoro Guimarães foi preso em 7 de maio de 1999,e acusado dehomicídio triplamente qualificado (motivo torpe; emprego de asfixia e veneno; e mediante recurso que impossibilitou a defesa das vítimas).

Em 17 de fevereiro de 2000, foi condenado a 76 anos de prisão, resultado da soma das quatro penas de 19 anos pelas mortes dos quatro pacientes do Hospital Municipal Salgado Filho. A defesa apelou, e no dia 13 de março de 2001, a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em decisão unânime, reformou a sentença por entender que houve crime continuado e não concurso material de crimes. Na ocasião, a Câmara fixou a pena de Edson Izidoro em 31 anos e oito meses de reclusão, permitindo à defesa protesto por novo júri, igualmente aceito por unanimidade.




Entrevista

"Vou falar sem esconder o rosto porque estou tranqüilo", disse Isidoro em entrevista coletiva no auditório da Secretaria de Segurança do Rio. "Eu fiz isso com cinco pacientes porque eles estavam em coma, sofrendo muito. Fiz também para aliviar a agonia das famílias.Eu escolhia o paciente pela gravidade de seu estado de saúde. Quando via que ele não tinha mais meios de sobrevivência, abreviava o sofrimento", explicou."Fazia tudo pela minha vontade, não me arrependo. Pretendia manter segredo, mas descobriram", lamenta

Entrevista com a revista Veja

"Eu não sou um monstro"

O auxiliar de enfermagem Edson Isidoro Guimarães está encarcerado com mais 31 presos na sede da Polinter, no centro do Rio de Janeiro. "É uma cela tranqüila. Ninguém me olha atravessado", afirma. Na gíria dos policiais, Edson Isidoro está detido numa área da delegacia conhecida como "xadrez de seguro". É o local onde ficam os estupradores e assassinos de crianças, pessoas que em outras celas poderiam ser executadas pelos demais presos. Na quinta-feira, ele conversou com VEJA.

Veja – Quantas pessoas o senhor matou, afinal?
Guimarães – Só falo sobre isso em juízo.
Veja – Como o senhor pretende explicar para seu filho de 10 anos essa série de mortes?
Guimarães – Vou explicar para ele que foi por causa do sofrimento do paciente. Mas, por enquanto, não quero falar.
Veja – Não tem pesadelo pelo que fez?
Guimarães – Estão me crucificando como um monstro, mas eu não sou um monstro. Sei que vou ter de pagar pelo que fiz. Mas pretendo até ser absolvido. Se Deus achar que eu devo pegar cinco anos, tudo bem. Agora, quero me apegar a Deus. Estou inclusive lendo a Bíblia que os colegas da cela me emprestaram. O que fiz foi conseqüência de o hospital não ter condições adequadas para manter um paciente lá. Não matei 130 pessoas





O Enfermeiro da morte - Edson Izidoro Guimarães

Posted by : Unknown
Date :sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
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